MANGARITO NÃO ESQUECER
Talvez seja
a última contribuição dos meus longos estudos sobre esta espécie tão
importante e rara. Hoje distribuída pelo Brasil inteiro, mesmo após
uma luta solitária, mas com grande paixão desde a minha infância, sempre estive
em busca das suas origens, e quem procura acha.
Culinaristas, gastrônomos,
revistas, jornais, rádios e televisão, enfim, toda mídia especializada em
gastronomias do Brasil inteiro.
É um
imperativo aos milhares de consumidores e cultivadores e especialmente das
UNIVERSIDADES AGRICOLAS EMBRAPA continuarem o desenvolvimento desta
espécie que no futuro será disseminado no Brasil e certamente chegara
também no mundo todo e será produto de exportação oferecendo renda ao mercado
nacional, porque tem característica de produção muito volumosa oferecendo boa
renda aos produtores desta espécie rara e super saborosa e descarta de qualquer
contaminação alimentar.
Estou triste
há mais de dois anos abandonando a cultura do plantio deste produto, por
motivos de problemas de saúde e pela minha idade avançada, sem condições de
continuar, após mais de trinta anos, sem nenhum objetivo financeiro, apenas
para oferecer a todos antigos e os mais recentes consumidores. Sempre me
elogiaram pela minha iniciativa incansável de oferecer ao mercado esta
preciosidade, mas apesar da minha ausência da cultura de agricultor deste produto,
continuo atendendo aos inúmeros telefonemas através da internet.
Particularmente
sou um caboclo, digo sempre nascido em baixo de um pé de café, porque fui
nascido e criado em uma fazenda de café. Filho de família
humilde e de pai e mãe analfabetos, sendo único filho entre sete
irmãos adultos a ter o privilégio de cursar escola primaria, vivendo na
roça e enfrentando todas as peripécias
para conclusão do curso primário.
Vivendo em
uma fazenda a sete quilômetros de distância. Caminhada de ida e volta
diariamente e enfrentando chuva, frio e sol causticante, mas com um grande
objetivo, vencer e com tudo isso quero comentar um ocorrido muito feliz na
minha vida, foi quando tinha oito anos, ao experimentar um legume feito pela
mãe, numa panela de ferro preta, em um fogão a lenha e em ambiente bem rústico,
com paredes cobertas de picumãs negros, destacavam-se aqueles legumes
amarelados de super-paladar saboroso, coisa que nunca saiu da minha memória e confirmado
por vários e antigos consumidores que diziam de uma boca só “quem come mangarito nunca esquece”.
Após 60 anos
quando descobri acidentalmente em Uberaba no mercado Municipal e Três e Lagoas-MS em 1985 os tubérculos de
mangaritos dei início ao seu plantio em um sítio em Sarapui, próximo de Sorocaba,
sem conhecimento algum da sua cultura e das técnicas do plantio, sendo
descoberto lentamente pela pratica continua os meios mais adequados para a sua
produção.
Não posso
imaginar estando ao lado do meu pai e dos irmãos mais velhos e não ter indagado
sobre o sumiço dos mangaritos. Meu irmão Liberato informou-me que meu pai
arranjou algumas mudas e plantou ao lado dos pês de café e eram touceiras bem
grandes, como era muito criança e não me lembro das suas folhagens e nem
dos tubérculos, vindo descobrir quando comecei plantar no meu sitio em 1985,
para mim obra de DEUS esta aparição, pois vivia constantemente procurando
tubérculos de mangaritos em todas regiões por onde andava, abordava
sempre as pessoas idosas perguntando onde encontrar o mangarito, elas sempre
respondia que há muitos anos não encontravam mais mangaritos.
As
informações sempre as mesmas, diziam: “antigamente eram encontradas nas feiras
livres e de algum sitiante que produziam pequenas produções”. Contudo era
possível ver que as vendas acabavam logo, porque também não tinham condições de
conservar por longos períodos, pois apodreciam em até seis meses longe do
solo, mesmo mantidos em lugares frescos e longe do sol, não duravam muito.
Quatro meses
após a colheita, aconteciam o seguinte com as batatas do mangarito, começavam a
soltar brotos necessitando o seu plantio imediatamente, ou pior ainda, desidratando
rapidamente transformando-se numa batatinha apodrecida e seca, sem causa alguma
de fungo ou outra doença desconhecida devido a inúmeras amostras remetidas
ao INSTITUTO BIOLOGICO de S. Paulo com resultado sempre negativo.
Todo esse relato do apodrecimento do mangarito é característica da espécie e
não havendo absolutamente interferência de qualquer substância influindo na sua
natureza para cobrir qualquer lacuna antes que qualquer grupo “alienígena” possa apropriar e explorar
desta propriedade genuinamente nossa.
Trata-se de
produto nunca colocado a disposição dos órgãos estaduais e federais FAPESP E
EMBRAPE. Exclusivamente para estudos bromatológicas e sem quaisquer estudos
sobre qualidades medicinais, até hoje, nunca submetidos sem qualquer
apreciação científica e mencionado pelos antigos consumidores
ser afrodisíaco, cura diabetes, colesterol e super energético e não esquecer
que “a voz do povo é a voz de DEUS”.
Vários
cientistas, desde a descoberta do Brasil, fizeram a classificação do mangarito,
mas nenhum deles fizeram qualquer pesquisa sobre os componentes medicinais do
produto. É evidente que naquela época, existir os recursos adequados com esta
finalidade seria difícil. Oxalá encontrar alguém disposto assumir esta
incumbência e apoderar-se mais uma vez do nosso riquíssimo patrimônio
genético e de um produto disponível em nossas mãos.
Desde o descobrimento
do Brasil quando os portugueses adotaram o seu consumo e também a sua cultura
ate chegar aos nossos dias e ainda continuam cultivados por varias tribos
indígenas e com espécies desconhecidas, pois o saudoso Prof. Vasconcelos em sua
tese de Doutorado sobre mangaritos na Esalq de Piracicaba em 1972
afirmava existir 40 espécies. Contudo, durante 30 anos descobri apenas
três. Foram elas: as brancas, as amarelas e roxas. Portanto, é preciso fazer
uma pesquisa na FUNAI para tentar descobrir outras e como se trata de produto
sem qualquer incentivo para desenvolver produção comercial de nenhum órgão
nacional fica restringido a alguns apaixonados como eu procurando a duras penas
encontrar algum abnegado para assumir a minha substituição impossível mais de
continuar esta cultura tão importante por motivo de doença e problema de
idade.
Nesta tese
do Prof. Vasconcelos ele menciona em 1544 Anchieta e Souza em 1587 citado
por Hoehve em 1937 versando sobre o consumo e o cultivo desta espécie
dizendo desta época não existir qualquer desenvolvimento em grande escala no
seu cultivo, restringindo apenas a pequenos consumidores. Outra citação
importante se encontra na Revista Gula nº 140 edições de aniversário,
publicado nas folhas 62 e 3 do mês de junho de 2004 com o sugestivo título
“DELICIA TUPINIQUIM”, redigido por Cristiana Menicelli e a fotos de Ricardo
D'Angelo onde a autora foi buscar nos primórdios do tempo dos portugueses o
cronista Gagriel Soares de Souza. O mesmo já lembrado pelo Prof. Vasconcelos
nomeado simplesmente Souza que escreveu o famoso Tratado Descritivo do Brasil
em 1587 e o Padre Jesuíta Fernão Jardim, autor do Tratado da Terra e Gente do
Brasil em 1625.
São citados
também no Livro o Cozinheiro Nacional clássico da cozinha brasileira do século dezenove.
Acrescento também inúmeras reportagens de ilustres repórteres de revistas
e jornais bem como vídeos de programas de diversas televisões e de chefes de culinárias de
renomados restaurantes. Também tenho o privilégio de mencionar o Joaquim Adelino
de Azevedo Filho, Neide Rigo, Nina Horta, Roberta Sodrack, Mara Sales, jadiaslopes@gmail.com, Almo Makrai,
cadu@editorapreta.com e
completando os vídeos das tvs temos o Rádio, Tv Rural Gaucha, Tv Globo
Rural, Tv GLOBO e p programa Mais Você de Ana Maria Braga, Tv
Sesc e Senac Viva a Vida, Tv São Jose dos Campos.
Estou apenas citando algumas fontes entre inúmeras outras que poderão
ser buscadas nos meus endereços eletrônicos, redes sociais e sites. Espero
apenas ao fazer minha despedida pelos motivos já exposto anteriormente, que
entre centenas de clientes e amigos, possa eu encontrar algum abnegado que se sensibilize
com o meu apelo e se anime a continuar neste projeto tão importante que me
ofereceu muito prazer no longo período da minha vida, certamente será
acontecido a quem assumir esta brilhante atividade. Despeço-me amargamente pelo
longo período vivido com muita alegria ao chegar aos quase oitenta e nove
anos e ainda sofrendo a perda parcial da minha visão, sem possibilidade de
dirigir meu carro e com dificuldades de caminhar e outras complicações de saúde
sem qualquer solução de tratamento.
João
Lino, agricultor de Mangarito.
Abrs.
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A Xanthosoma redelianum Schott e a Xanthosoma sagittifoliun (L) Schott são plantas da de família das aráceas (a mesma da taioba e do inhame),de caule tuberoso,utilizado como alimento.No Brasil ambos são encontrados nos Estados de Minas Gerais,no Município de Lagoa Santa. O mangarito também è conhecido como mangara’-mirim,mangara’s e taiobaXanthosoma redelianum. Schott tem caule de 25 cm de comprimento,muito apreciado quando cozido. 
Uma delas, o mangarito dedo de negro é também conhecida como Niger finger, pois seu rizoma, constituído de muitos tubérculos pequenos, e preto, é semelhante ao polegar de um negro.
A variedade mangarito-branco tem tubérculos do tamanho de uma noz, de cor castanho claro .E os mangaritos-roxos os tubérculos são arredondados e castanhos, purpúreos abaixo da superfície superior. As duas ultimas variedades são as mais cultivadas e, embora a mangarito roxo seja a mais nutritiva e contenha mais gordura que a mangarito branca, não é considerada a mais tão saborosa quanto esta, que produz raízes maiores.
CLIMA E SOLO – Desenvolve-se melhor em regiões de clima quente, de solo fértil e fresco, de preferência baixadas drenadas.
TRATOS CULTURAIS - Além de capinas leves é aconselhável irrigar a lavoura durante as estiagens.
CONSORCIADAS – A plantação do mangarito pode ser consorciada com a do milho.
COLHEITA E RENDIMENTO - A colheita começa em Maio e vai atè Agosto.Ao contrario do inhame e a taioba, que se conservam por anos na terra, o mangarito deve ser colhido anualmente para que não se deteriore. O rendimento è de 8 a 15 toneladas de rizomas.
COMPOSICÃO - por 100g. - 137 calorias, 2 grama de proteínas, 15. mg. de cálcio, 46 mg. de fósforo, 09 mg. de ferro, 2 mg. de vitamina A, 013 mg. vitamina Bl, 0,02 mg. de vitamina B2 e 7 mg. de vitamina CRecomendo o plantio em leiras,com 30/40 cms. de altura distante uma das outras, 80 cms apo’s a preparação do solo em covas adubadas com esterco de curral e de galinha com a profundidade de 15 cms distante uma das outras de 30/40 cms, e colocar nas covas de três a quatro tubérculos médios e pequenos até 10 e as batatas mães corta’-las em três ou quatro pedaços e joga’-las dentro das covas, sem observar a posição dos brotos, que nascerão naturalmente.